quarta-feira, 22 de março de 2023

O demônio da perversidade

O Demônio da perversidade, de Edgar Allan Poe



Tradução publicada em "A Noite", do 21 de novembro de 1950. Pesquisa, transcrição e atualização ortográfica: Iba Mendes (2016). O Demônio da perversidade (Conto), de Edgar Allan Poe



No exame das faculdades e das tendências dos móveis primordiais da alma humana os frenólogos esqueceram-se de mencionar uma tendência que, apesar de existir evidentemente como sentimento primitivo, radical e irredutível, foi igualmente omitida pelos moralistas que os precederam. E todos nós a omitimos; todos deixamos que a sua existência nos passasse em claro.

A ideia dessa tendência não nos ocorreu nunca, simplesmente por não termos precisão dela. Nunca sentimos necessidade de a verificar: nunca concebemos tal necessidade. E dado o caso que a noção desse "rimum mobile" se introduzisse à força em nosso espírito, não teríamos nunca podido entender qual o papel que representa na economia das coisas humanas, temporais ou eternas.

Não se pode negar que a frenologia(é uma pseudociência que envolve a medição de saliências no crânio para prever características mentais) e uma boa parte das ciências metafísicas foram feitas "a priori". O homem da metafísica, ainda mais que o homem da inteligência e da observação, pretende adivinhar os desígnios de Deus, conceber-lhe os planos. E depois de ter penetrado, a seu bel-prazer, as intenções de Jeová, edifica-se segundo essas mesmas intenções os seus inumeráveis e caprichosos sistemas.

Em matéria de frenologia, por exemplo, estabelecemos em primeiro lugar, muito naturalmente, aliás, que entrava nos desígnios da Divindade que o homem comesse; determinamos-lhe logo um órgão de alimentividade (e esse órgão é o chicote de que Deus se serve para obrigar o homem a comer, quer queira ou não).

Em segundo lugar, tendo decidido que era a vontade de Deus que o homem propagasse a sua espécie, descobrimos-lhes imediatamente um órgão de amatividade. E assim os da combatividade, da idealidade, da casualidade, da construtividade; em suma, um órgão para cada tendência, para cada sentimento moral, para cada faculdade da pura inteligência. Nesta distribuição dos princípios da ação humana, os Spurgheimistas, com razão ou sem ela, em parte ou na totalidade, não fizeram mais do que seguir as pegadas dos seus predecessores, deduzindo e estabelecendo todas as coisas, segundo o que eles imaginam ser o destino do homem, tomando por base as intenções do Criador.

Teria sido mais cordato e mais seguro basear a nossa classificação (uma vez que queremos por força classificar) sobre os atos que o homem executa habitualmente e sobre aqueles que ele executa ocasionalmente; mas ocasionalmente e não na hipótese de que a Divindade que o obriga a executá-los.

Se não podemos compreender Deus nas suas obras visíveis, como poderíamos compreendê-lo nos seus pensamentos inconcebíveis?

Se não podemos concebê-lo nas suas criaturas objetivas, como poderíamos concebê-lo nos seus métodos incondicionais e nas suas fases de criação?

A indução "a posteriori" teria conduzido a frenologia a admitir como princípio primitivo e inato da ação humana, um não sei que de paradoxal, a que chamaremos de "perversidade", à falta de termo mais característico. No sentido que liga a esta palavra, podemos defini-la como um móvel sem motivo, um motivo não motivado. Sob a sua influência procedemos sem fim inteligível; ou antes, sob a sua influência procedemos de modo que não deveríamos proceder. Em teoria não pode haver "porque" mais absurdo; mas de fato não existe outro mais forte. Para certos espíritos, em certas condições, chega a ser irresistível.

Quanto a mim, não há nada mais verdadeiro do que a seguinte proposição: a certeza do pecado ou do erro, incluída num ato qualquer, é muitas vezes a única força invisível que nos impele a praticá-lo. E esta tendência deplorável para o mal, pelo amor do mal, não admite análise nem resolução em elementos ulteriores. É um movimento radial, primitivo, elementar.

Dir-me-ão que se perseveramos em certos atos por conhecer que não devemos praticá-lo, a nossa conduta é apenas uma modificação daquela que deriva ordinariamente da combatividade frenológica. Mas uma simples observação bastará para demonstrar a falsidade de semelhante ideia. A combatividade frenológica por causa da existência tem a necessidade de defesa pessoal; é a nossa salvaguarda contra a injustiça. O seu princípio diz respeito ao nosso bem-estar; por conseguinte, qualquer princípio, que não fosse apenas modificação da combatividade, deveria igualmente excitar em nós o desejo do bem-estar. Mas no caso deste "não sei que", que eu classifiquei de perversidade, não somente o desejo do bem-estar não é excitado, como também se manifesta um sentimento singularmente contraditório.

Por fim, todo o homem que sondar seu coração, achará a melhor resposta ao sofisma de que se trata. Quem consultar conscienciosamente a própria alma e a interrogar com lealdade, não ousará negar a radicalidade da tendência em questão. Esta tendência não é menos caracterizada que incompreensível.

Não há homem algum, por exemplo, que, em momento dado, não se tenha visto possuído pelo desejo ardente de torturar o seu ouvinte com perífrases. Sabe que desagrada; no entanto, tem a melhor intenção de agradar. Está habituado a ser breve, conciso e claro; agita-se, debate-se-lhe no espírito uma linguagem lacônica, luminosa, que só a custo pode reprimir. Teme e conjura e o mau humor daquele a quem se dirige, contudo vem-lhe o pensamento de que certos incisos e parênteses podem irritá-lo. Não é preciso mais nada. Aquele pensamento converte-se em veleidade, a veleidade em desejo, o desejo em necessidade irresistível; e a necessidade satisfaz-se, não obstante todas as consequências.

Temos diante de nós um trabalho que precisamos de executar rapidamente. Sabemos que retardá-lo é a nossa ruína. A crise mais importante de nossa vida reclama com voz imperiosa a ação e a energia imediata. Estamos impacientes, em brasa por nos pôr à obra. O antegozo de um resultado brilhante põe-nos já em alvoroço. É forçoso, é forçoso que este trabalho seja começado hoje mesmo; contudo, adiamo-lo para o dia seguinte. Por quê? Não há senão uma explicação: porque sentimos que este sentimento é perverso (servimo-nos da palavra sem compreender o princípio). Chega o dia seguinte, e com ele uma ansiedade ainda mais impaciente de fazermos o nosso dever.

Mas com este aumento de ansiedade chega também um desejo ardente, anônimo, de diferir ainda; desejo positivamente terrível, porque a sua natureza é impenetrável. E quanto mais foge o tempo, mais força vai ganhando esse desejo. Resta-nos apenas uma hora para a ação. Trememos pela violência do conflito que se trava em nós; é a batalha entre o positivo e o indefinido, entre a substância e a sombra. Mas quando a luta chega a este ponto, debatemo-nos em vão! É a sombra que vence. Finalmente, a hora ecoa; é o sinal da nossa redenção; a sombra desaparece; voltamos à antiga energia; trabalharemos agora. Aí é já muito tarde!

Estamos à borda de um precipício: olhando para o abismo acometem-nos duas sensações: o medo e a vertigem. O primeiro movimento é recuar para longe do perigo; inexplicavelmente ficamos. Pouco a pouco o medo, a vertigem, o horror confundem-se num sentimento nebuloso, indefinível; gradualmente, insensivelmente, essa nuvem toma forma, como o vapor do frasco de onde erguia o espírito das "Mil e Uma Noites". Mas da nossa nuvem, à borda do precipício, ergue-se cada vez mais palpável uma forma mil vezes mais terrível que qualquer gênio ou demônio fabuloso. Contudo, não é senão um pensamento; mas um pensamento medonho, um pensamento que nos gela até à medula, penetrando-nos com a voluptuosidade feroz do seu horror. E apenas esta ideia: que sensações produziria em nós a queda desta altura? E essa ideia, esse aniquilamento fulminante, que envolve em si as mais horrendas e odiosas imagens da dor que se ajam jamais apresentado à nossa imaginação, desejamo-la ardentemente. E como o bom senso nos impede a fugir do abismo, por isso mesmo abordamo-lo com impetuosidade.

Não há na natureza paixão tão diabolicamente violenta como a do homem que, tremendo sobre as arestas dum precipício, sente passar-lhe pelo espírito a ideia de se lançar nele. Deter o pensamento nessa ideia, um instante que seja, é estar inevitavelmente perdido; porque então o raciocínio ordena-lhe que fuja, e é exatamente por isso que não pode deixar de ficar. Se não está ali um braço amigo para o segurar, ou se não é capaz de um esforço repentino para se arrojar longe do abismo, atira-se... Está perdido.

Examinando estas e outras ações análogas, que a perpetramos simplesmente porque não as deveríamos perpetrar, não podemos deixar de reconhecer que resultam do espírito da "perversidade". Mais por aqui, mais por ali, todos os princípios são ininteligíveis; e se não estivesse provado que o da perversidade também serve muitas vezes para o cumprimento do bem, poderíamos considerá-lo como uma instigação direta do Arquidemônio.

Se me demorei tanto sobre esse assunto, foi para responder de algum modo à pergunta do leitor; para explicar a razão por que estou aqui; para poder apresentar um simulacro de causa, que motive estes ferros que arrasto e esta prisão onde estou encerrado. Se não houvesse explicado tão claramente, ou o leitor não poderia entender-me ou, como a maior parte da gente, julgar-me-ia louco. Assim, compreenderá imediatamente que sou uma das inumeráveis vítimas do Demônio da Perversidade.

Nunca houve no mundo ação mais profundamente refletida. Meditei sobre os meios de cometer aquele assassínio durante semanas, meses, rejeitando mil planos, porque em todos descobria uma possibilidade de revelação. Afinal, certa vez, percorrendo umas memórias francesas, achei a história da doença quase mortal que atacou Madame Pilan, em consequência de uma lamparina envenenada acidentalmente. Aquela ideia iluminou-me subitamente a imaginação. Sabia que a minha vítima costumava ler na cama. Sabia também que ficava num quarto pequeno e mal ventilado. Não preciso fatigar o leitor com minudências inúteis. Não contarei as manhas que empreguei, para encaixar no castiçal do seu quarto uma vela de minha composição. Um dia pela manhã o homem apareceu morto. O "veredictum" do "coroner" foi: "Morto pela visitação de Deus".

Herdei-lhe a fortuna; e durante muitos anos tudo correu no melhor possível. Nunca me passou pelo cérebro a ideia de uma revelação. Eu mesmo havia destruído os restos da vela fatal, sem deixar nem a sombra de um fio que pudesse vir a organizar uma suspeita de crime. Seria impossível conceber o magnífico sentimento de satisfação que me inundava a alma à certeza da absoluta segurança. Contraí por assim dizer o hábito de me deleitar com aquele sentimento, o qual me dava mais prazer real que todos os benefícios puramente materiais que me tinham resultado do crime. Mas, finalmente, chegou uma época em que esse sentimento de prazer se transformou, por gradações quase imperceptíveis, num pensamento tenaz e inoportuno. Não havia meio de me livrar dele um instante. É uma coisa perfeitamente ordinária termos os ouvidos, ou, antes, a memória dominada pelo estribilho de uma canção vulgar, ou por alguns bocados insignificantes de ópera, e não podermos afastá-los do espírito, por mais que queiramos. Assim foi para mim aquele pensamento; de meditar incessantemente na minha segurança, passei a não pensar em outra coisa, chegando até, muitas vezes, a murmurar em voz baixa: "Estou salvo!"

Um dia surpreendi-me a pronunciar, quase em voz alta no meio da rua, essas sílabas habituais. Num acesso de petulância exprimia-as sob uma forma nova: "Estou salvo! estou salvo! sim, contanto que não faça a tolice de o ir confessar".

Apenas tinha acabado aquelas palavras percorreu-me o corpo um frio glacial. Conhecia por experiência própria esses acessos de perversidade (cuja natureza singular expliquei aos leitores) e sabia que não era capaz de lhe resistir. Por isso essa sugestão fortuita, que eu podia fazer a toleima de confessar o crime, intimidou-me e aterrou-me como a própria sombra do assassinado.

Primeiro, fiz um esforço para sacudir da alma aquele pesadelo. Comecei a andar apressadamente, mas depressa; por fim, deitei a correr. Senti um desejo fortíssimo de gritar as frases fatais com toda a força dos pulmões. Cada pensamento sucessivo me acabrunhava de novo terror, porque demasiado o sabia eu: na minha situação pensar era perder-me.

Acelerei a carreira quanto pude, saltando como louco através das ruas cheias de gente. Dentro em pouco, a população alvoroçada desatou a correr atrás de mim. Senti então a consumação do meu destino; se tivesse podido arrancar a língua naquela ocasião, tê-lo-ia feito. De repente retumbou aos meus ouvidos uma voz rude, e mão ainda mais rude agarrou-me pelo braço. Voltei-me e abri a boca para respirar. Durante um momento sofri todas as agonias da sufocação; tornei-me cego, surdo, tonto. Então, creio que houve algum demônio invisível que me bateu nas costas, porque o segredo tanto tempo comprimido, saiu-me pela boca.

Dizem que não me exprimi com muita clareza; mas, em compensação, falei com energia prodigiosa e precipitação ardente, como se temesse ser interrompido antes de acabar as frases breves, porém grandes em importância, que me entregavam ao carrasco e ao inferno.

Depois de ter relatado tudo quanto era preciso para a plena convicção da justiça caí desmaiado.

Que me resta a dizer? Hoje estou aqui carregado de ferros! Amanhã estarei livre, mas onde?

sexta-feira, 10 de março de 2023

Torre de marfim ou torre de babel: a ilusão da realidade

O que é a realidade? Pergunto do ponto de vista e referencial humanos. Para começar, ponto de vista e referencial são coisas diferentes(mas esse é outro assunto). A realidade, além de não ser a mesma para todos, e não me refiro apenas ao aspecto conotativo, não ser percebida da mesma forma por todos, é de se perguntar se ela existe mesmo. A propósito, na antiguidade não se mencionava, por exemplo, a cor azul. Parece simples esse relato histórico, mas não é possível imaginar uma realidade sem o azul em sua composição. 
Ora, nada é óbvio como supomos seja. Afinal, o céu não é azul durante uma negra tempestade, e o mar azul, à noite, não passa de uma ilusão, sem esquecer do mar esverdeado. 
Antes de voltar à realidade (ops...), até mesmo a palavra kajol, no hebraico bíblico originalmente se referia a um cosmético feito com pó de antimônio que as mulheres usavam para pintar os olhos. Detalhe: era da cor preta. Com o tempo, seu significado mudou, passando a designar a cor azul, e não mais o pó preto de antimônio. O mesmo aconteceu com a palavra grega kuanos, que nos tempos de Homero, aquele da Ilíada, significava preto, ou escuro. Posteriormente, passou a significar azul. 
Mas se a linguagem afeta de tal forma a maneira como vemos o mundo, não será ela resultado de uma visão de mundo específica daquele grupo que a usa para interagir e comunicar entre si? Seriam então compartimentos diversos de realidade?
Se contrariamente, são as realidades diferentes que afetam a linguagem, a situação não mudaria muito. A torre de Babel, de qualquer forma, continua causando distorções da realidade até os tempos atuais.
Chega a ser intrigante, fantástico, o hipotético exercício mental de deduzir a realidade paralela à nossa. Nos apegamos muito aos sinais emitidos pelo outro, próximo de nós, na busca da percepção da realidade adotada por ele, até para nossa orientação, enquanto "manada inteligente". Mas seria o caso de perguntar se o que chega a nós é realmente "azul" ou se é tão somente pó de antimônio (preto?), aquilo que decora o rosto de nosso próximo.
Os relacionamentos se tornam muita vez uma disputa, uma relação de domínio e servidão, ou uma eterna guerra de território. Importa significar a sua realidade em detrimento da do outro, mesmo quando todos sabemos da conotação de ilusão que cerca todos estes estamentos que chamamos realidade, quando nem mesmo a permanência de um objeto físico inanimado, como uma pedra, podemos garantir com segurança, por independer de nós garantir uma pedra que seja.
Habitantes na casca de uma quase esfera contendo metal liquefeito em seu interior, a qual gira loucamente ao redor de si, e ainda translaciona um objeto gigante e incandescente, tudo a velocidades inimagináveis, capazes de nos desintegrar e desmaterializar em milionésimos de segundo, julgamo-nos senhores da realidade e a imputamos como única!
Não, nada é óbvio como parece ser, e nossos cinco sentidos, ainda que não se enganassem eventualmente (ou com grande frequência?), não são equipados o bastante para abarcarem toda a realidade. A sua percepção, na verdade, é uma ilusão, ou no mínimo uma incompletude.
As pessoas, para além das máscaras(não falo das máscaras para fins sanitários) que usam diariamente - e há máscaras diversas para cada ambiente, são diversas em sua constituição, pensamentos, vontades, conhecimento, experiências, etc. E essa diversidade é uma riqueza, e não podemos limitar nossos relacionamentos à paridade e igualdade, pois não existe tal coisa. É necessário sempre entender, vivenciar, respeitar e aprender com a diversidade do outro, não importa se ele usa pó de antimônio ou se acha o mar e o céu azuis.
Extrapolando as relações pessoais a situação deveras se complica, pois os signos se multiplicam, com cartas marcadas, interpretações consagradas do que deva ser, tudo devidamente fixado em requisitos sintomáticos e estereotipia, os quais nos permitem definir tudo e mais alguma coisa, incluindo, mas não se limitando, a quantos milímetros de chuva por hora certa região vai receber. 
A essa nossa bagagem, obviamente não desprezível, e até totalmente louvável, chamamos conhecimento, ornada naquilo que chamamos de método científico.
Ocorre que essa bagagem pesa, e traz em si, uma como que maldição. A viagem do conhecimento nos traz muita vez a um lugar de solidão, pois ela cria novas linguagens e traz uma oportunidade de arrogância a quem delas se apropria. Do alto da sua torre, que na maioria das vezes se modernizou, não sendo mais uma babel, mas sim uma torre de marfim, olhamos escandalizados os ignaros no vale, considerando um absurdo inconcebível não saberem eles do "azul".
Os eremitas da realidade, por outro lado, ainda que não arrogantes, perdem a oportunidade de conhecerem a realidade diversa da sua, pois seu alto intelecto os limita à academia, quando poderiam, inclusive, mesclarem seu latim ao coloquial, tornando mais rica a realidade.
Os povos do vale, por seu turno, ficam relegados ao esquecimento, sua riqueza realística se torna o meio de sua própria dominação, limitação e aculturação. Embebidos nas projeções de realidade que lhes são injetadas, tornam-se massa de manobra para os mais diversos fins.
Urge abrir os olhos para a realidade, não no sentido físico, mas entender que nossa opinião, nosso conhecimento, nossa percepção, nosso olhar, não é o único, e principalmente, não é o único certo. 
Cada um tem sua torre de marfim, onde se encastela, dali passando os olhos pelo vale com desdém, e na hipótese de detectar outra torre, a chama de babel. Mas, fato é que a realidade que vemos, ou aquela que estabelecemos e que nos dá segurança, simplesmente não existe. A segurança, na REALIDADE, seguramente não está nisso(trocadilho proposital).

Osdilson Amorim Oliveira