quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

AS DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO

Noam Chomsky

 

1- A estratégia da diversão

 

Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mutações decididas pelas elites políticas e econômicas, graças a um dilúvio contínuo de distrações e informações insignificantes.

 

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais". (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas")

 

 

2- Criar problemas, depois oferecer soluções

 

Este método também é denominado "problema-reação-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reação do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise econômica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

 

3- A estratégia do esbatimento

 

Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, mudanças, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas de uma vez, brutalmente.

 

4- A estratégia do diferimento

 

Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa, mas necessária", obtendo a aceitação do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. Segundo, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo será melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

 

5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas

 

A maior parte das propagandas destinadas ao grande público utiliza um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantil, muitas vezes próximo do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adota um tom infantilizante.

 

"Ao se dirigir a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestão, ela terá, provavelmente, uma resposta ou uma reação tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas")

 

6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão

 

Apelar ao emocional é uma técnica clássica para fazer curto-circuito à análise racional e, portanto, ao sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar idéias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...

 

7- Manter o público na ignorância e no disparate

 

Atuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.

 

"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas")

 

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade

 

Encorajar o público a considerar bom o fato de ser idiota, vulgar e inculto...

 

9- Substituir a revolta pela culpabilidade

 

Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema econômico, o indivíduo desvaloriza-se e se culpa, criando um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da ação. E sem ação, não há revolução!...

 

10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios

 

No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio, permitindo deter um maior controlo e um maior poder sobre os indivíduos.

 

Fonte: http://www.syti.net/Manipulations.html