Como seres humanos temos o defeito da competição, do procurar o certo, de ser melhor, ser mais certo, e nessa confusão estamos sempre competindo. Inclusive, às vezes, no estudo da Palavra de Deus. Se Deus deixou sua revelação a nós, cada um se esfalfa em provar ser melhor que o outro na interpretação, na explicação, e às vezes, pasme, até na complementação, como se Deus estivesse esquecido de algo.
No Estudo da Pessoa e Obra do Espírito Santo não poderia ser diferente. Trago abaixo um texto que nos dá um puxão de orelha, orientando como deve ser nossa busca em entender a Palavra de Deus e sua vontade para nossa vida!
Princípios Básicos de Abordagem
Deixe-me explicar quatro coisas.
A primeira é que nosso anseio e obrigação, como cristãos, deve ser o de encaixar-se no propósito pleno de Deus para nós. Ele não ficará satisfeito com nada menos do que isto; nós também não devemos nos satisfazer com algo que esteja aquém disto. Todos nós que dizemos seguir a Cristo devemos buscar uma compreensão mais clara do propósito de Deus com seu povo, ser levados ao arrependimento por não conseguirmos cumpri-lo, e continuar a nos esforçar com avidez, desejosos de tomar posse com firmeza de tudo o que Jesus obteve para nós (veja Filip. 3.12-14).
Em segundo lugar, devemos descobrir este propósito de Deus na Bíblia. A vontade de Deus para as pessoas está na Palavra dEle. Nela devemos tomar conhecimento da vontade divina, e não preferencialmente da experiência particular de indivíduos ou grupos, por mais reais e válidas que estas experiências possam ser. Não devemos cobiçar o que Deus pode ter dado a outros, nem impor a outros o que Deus pode ter dado a nós, a não ser que esteja revelado claramente na sua Palavra que isto é parte da herança prometida a todo o seu povo. O que buscamos para nós mesmos e o que ensinamos a outros deve ser orientado somente pela Escritura. Somente quando a Palavra de Deus habitar ricamente em nós seremos capazes de avaliar as experiências que nós e outros podemos ter. A experiência nunca deve ser o critério da verdade; a verdade deve sempre ser o critério da experiência.
Em terceiro lugar, esta revelação do propósito de Deus na Bíblia deve ser buscada preferencialmente nas suas passagens didáticas, e não nas descritivas. Para ser mais preciso, devemos procurá-la nos ensinos de Jesus e nos sermões e escritos dos apóstolos, e não nas seções puramente narrativas de Atos. O que a Escritura descreve como acontecendo a outros não precisa necessariamente acontecer conosco; porém do que nos é prometido devemos nos apropriar, e o que nos é ordenado devemos obedecer.
É fácil entender mal o que estou tentando dizer. Não estou dizendo que as passagens descritivas da Bíblia não têm valor, porque "toda Escritura é inspirada por Deus e útil" (2 Tim. 3:16). O que estou dizendo é que o que é descritivo tem valor somente até o ponto em que é interpretado pelo que é didático. Algumas narrativas bíblicas que descrevem acontecimentos interpretam a si mesmas, porque incluem um comentário explicativo, enquanto que outras não podem ser interpretadas isoladamente, mas somente à luz do ensino doutrinário ou ético dado em outras passagens.
Por isso Paulo nos diz que as coisas pelas quais Israel passou no deserto "lhes sobrevieram como exemplos" e "foram escritas para advertência nossa" (1 Cor. 10:11; veja Rom. 15:4). Ele está se referindo a diversos episódios em que o julgamento de Deus recaiu sobre eles. Aqui temos, portanto, passagens narrativas que são úteis para o ensino. Porém seu valor não está na mera descrição, mas na explicação. Devemos evitar a idolatria, a imoralidade, a presunção e a murmuração, diz Paulo, porque estas casas são gravemente ofensivas a Deus. Como sabemos isto? Porque o julgamento de Deus lhes sobreveio, como Moisés deixa bem claro nas histórias, e como ele e os profetas ensinam em outras passagens. Entretanto, não podemos deduzir das histórias que, se pecarmos destas maneiras, morreremos por pragas ou picadas de cobras, como aconteceu com eles. De maneira semelhante podemos aprender da história de Ananias e Safira em Atos 5, que mentir desagrada muito a Deus, porque Pedro o diz; mas não podemos concluir que todos os mentirosos cairão mortos ao chão como eles.
Ainda outro exemplo: em dois parágrafos de Atos, Lucas nos diz que os primeiros cristãos em Jerusalém venderam muitos dos seus bens, tinham o restante em comum, e distribuíam bens e dinheiro "à medida que alguém tinha necessidade" (2:44, 45; 4:32-37). Devemos deduzir disto que eles estabeleceram um padrão que todos os cristãos devem imitar, de maneira que a propriedade privada é proibida aos cristãos? Alguns grupos têm pensado assim. Certamente a generosidade e o cuidado mútuo destes primeiros cristãos devem ser imitados, pois o Novo Testamento nos ordena muitas vezes que amemos e sirvamos uns aos outros, e que sejamos generosos (até sacrificiais) em nossas contribuições. Porém, o argumento baseado na prática da primeira igreja de Jerusalém, de que toda propriedade particular fica abolida entre os cristãos, não somente não pode ser mantido pelo texto, como até é contrariado claramente pelo apóstolo Pedro no mesmo contexto (Atos 5:4) e pelo apóstolo Pauto em outras passagens (p. ex. 1 Tm 6:17). Este exemplo deve nos deixar atentos. Devemos derivar nossos padrões de fé e comportamento do ensino do Novo Testamento, sempre que ele for dado, e não das práticas e experiências que ele descreve.
Em quarto lugar, nossa motivação ao buscarmos aprender o propósito de Deus do ensino da Escritura, é prática e pessoal e não acadêmica e polêmica. Somos Irmãos e irmãs na família de Deus. Amamo-nos mutuamente e estamos preocupados em conhecer a vontade de Deus, a fim de que a abracemos e a recomendemos a outros. Não temos desejo de aplicar golpes baixos uns nos outros em um debate teológico.
Extraído e Adaptado de John R. W. Stott - Batismo e Plenitude do E. Santo
Osdilson Amorim Oliveira
Show de postagem Osdilson, e isso é a mais pura verdade... Parece que a competição faz parte de tudo, e as vezes perdemos o limite. Devemos perceber que Deus nos ama igualmente e competir para ser o melhor na explanação ou interpretação de sua palavra, não o agrada!!! Fique com Deus Osdilson, bom fim de semana.
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