sexta-feira, 26 de junho de 2009

O FIM DA DEMOCRACIA

 

O ano é 2209 D.C. - ou seja, daqui a duzentos anos - e uma conversa entre  avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

 

- Vovô, por que o mundo está acabando?

 

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a  resposta:

 

- Porque não existem mais advogados, meu anjo.

- Advogados? Mas o que é isso? O que fazia um advogado?

 

O velho responde, então, que advogados eram homens e mulheres elegantes que  se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás,  lutavam pela justiça defendendo as pessoas e a sociedade.

 

- Eles defendiam as pessoas? Mas eles eram super-heróis?

- Sim. Mas eles não eram vistos assim. Seus próprios clientes muitas vezes não pagavam os seus honorários e ainda faziam piadas, dizendo que as cobras  não picavam advogados por ética profissional.

 

- E como foi que eles desapareceram, vovô?

- Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, pois todo super-herói tem que enfrentar um super-vilão, não é? No caso, para derrotar os advogados esse super-vilão se valeu da união de três poderes. Por isso chamamos esse super-vilão de "união".

 

Segundo o velho, por meio do primeiro poder, a "união" permitiu a criação  de infinitos cursos de Direito no País inteiro, formando dezenas de milhares  de profissionais a cada semestre, o que acabou com a qualidade do ensino e entupiu o mercado de bacharéis.

 

Com o segundo poder, a "união" criou leis que permitiam que as pessoas movessem processos judiciais sem a presença de um advogado, favorecendo a defesa de poderosos grupos econômicos e do Estado contra o cidadão leigo e ignorante. Por estarem acostumadas a ouvir piadas sobre como os advogados extorquiam seus clientes, as pessoas aplaudiram a iniciativa. Assim, acabaram com suas prerrogativas, o respeito social que tinham. A OAB, a "Casa dos Advogados" foi minada por falsos representantes que não defendiam a classe; juntaram-se a "união".

 

O terceiro poder foi mais cruel. Seus integrantes fixavam honorários irrisórios para os advogados, mesmo quando a lei estabelecia limite mínimo! Isso sem falar na compensação de honorários.

 

Mas o terceiro poder não durou muito tempo. Logo depois da criação do processo eletrônico, os computadores se tornaram tão poderosos que aprenderam a julgar os processos sozinhos. Foi o que se denominou de Justiça self-service. Das decisões não cabiam recursos, já que um computador sempre confirmava a decisão do outro, pois todos obedeciam à mesma lógica.

 

Assim, acabaram com suas prerrogativas, o respeito social que tinham, inclusive começaram a matar os advogados corajosos.

 

O primeiro poder, então, absorveu o segundo, com a criação das ´medidas definitivas´,  novo nome dado às ´medidas provisórias´ . Só quem poderia fazer alguma coisa eram os advogados, mas já era tarde demais. Estes estavam muito ocupados tentando sobreviver, dirigindo táxis e vendendo cosméticos. Sem advogados, a única forma de restaurar a democracia é por meio das armas.

 

E é por isso que o mundo está acabando, meu netinho. Mas agora chega de assuntos tristes. Eu já contei por que as cobras não picam os advogados ?

 

 (Sem professores e advogados, mais fácil manipular um povo inculto e negar-lhe Justiça).

 

Fonte: Internet

 

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