terça-feira, 30 de agosto de 2011

Obelisco dos Batistas?

Será isso verdade, informação desencontrada ou fofoca pura e simples? O texto foi retirado do Genizah.
Ao que parece, querem fazer uma construção comemorativa imitando um obelisco, e as pessoas alegam ser este um símbolo pagão. sem qualquer tentativa de legislar sobre o assunto, penso que urgentemente, sejamos nós, os batistas, ou seja qualquer outro grupo, imperiosamente necessitamos voltar às práticas bíblicas que Cristo deixou exemplificado com sua própria vida. Tanto exemplificou que terminou por morrer por nós,

As coisas deste mundo "pagãs" ou "cristãs" não podem se sobrepor à realidade do Evangelho do Sangue, do Sangue de Cristo. Por mais que os batistas tenham uma história marcada por esse mesmo líquido vermelho, o Sangue de Cristo sim, é que tem valor. Paulo disse que ainda que desse o próprio corpo para ser queimado, isso seria de nenhuma valia não fosse o Amor de Deus implantado nele, o Apóstolo aos gentios. E por mais relevantes que sejam os anos, ou melhor, o século dos batistas, Cristo o é desde a fundação do mundo, e permanecerá para sempre. De igual modo, os irmãos de outras denominações também estão ligados ao mesmo Corpo, necessitando a cada dia, buscarmos todos nós a compreensão verdadeira da Palavra, revelação derradeira e verdadeira a cada um de nós.

Seja obelisco, réplica do templo de Salomão, eventos que ocupem praças ou praias inteiras, tudo isso é muito belo, e ora comemora, ora patenteia o esforço humano em fazer o trabalho do Senhor. Reporta as vidas que se deram ao trabalho, que se empenharam para, das mais diversas formas, dizer que Só Cristo Salva e que Jesus é a Única Esperança (a meu ver os dois melhores slogans batistas).

Os Batistas têm de ter cuidado sim, bem como todos aqueles que confessam Jesus como o Senhor, pois nada em nossa vida pode superar, ter maior importância do que Cristo no centro de nossas vidas.

Que Deus nos abençoe.

Abaixo a reportagem:


Em março deste ano, um grupo de pastores e diáconos batistas procurou o Genizah para apresentar denuncia envolvendo a Convenção Batista do Brasil e a Convenção Batista de São Paulo e a pretensa inclusão, na festa de comemoração dos 140 anos dos batistas no Brasil, da inauguração de um “obelisco” - considerado um símbolo pagão, adotado pela maçonaria.


Na ocasião, a Convenção Batista Brasileira emitiu uma nota dando o caso como boato de internet, contudo, nos bastidores o assunto foi tratado pelos denunciantes e a direção executiva da CBB em telefonemas e reuniões e, de fato, havia sim no vídeo a menção clara ao referido obelisco.

Não fosse o bastante, o assim denominado “boato” ou “mal entendido”, na percepção da CBB, seguiu, para todos os efeitos, muito real, com articuladores da Convenção Paulista tratando de, explicitamente, se colocar na defesa do obelisco, minimizando o simbolismo do mesmo e relativizando a tradição dos batistas, muito atentos às armadilhas da idolatria. O episódio foi parcialmente contornado quando, misteriosamente, o vídeo oficial do evento aparece modificado nos sites das duas convenções, expurgado das referências ao obelisco.

Pelo sim, pelo não, Genizah manteve o vídeo original que pode ser visto na matéria sinalizada abaixo.


Ontem (29/08/2011) irmãos batistas nos informaram acerca da divulgação no site da CBB da programação oficial das comemorações dos 140 anos dos Batistas no Brasil. Do informativo consta uma cerimônia solene, sobre cuja a natureza os mesmos levantam suspeitas de se tratar da iniciativa de construção de um monumento de natureza maçônica (ou de inspiração pagã).

Ainda segundo a intepretação dos mesmos irmãos batistas,  a suspeita se baseia nos acontecimentos anteriores (relatados nas matérias linkadas neste post) e no fato das "cerimônias de lançamento de pedras fundamentais” serem rituais de tradição maçônica.

Despidos de qualquer intenção difamatória, especulativa ou política, o desejo destes irmãos batistas é obter os devidos esclarecimentos acerca do projeto construtivo do monumento lançado a partir da colocação solene desta pedra fundamental.

Veja o link para o site da CBB: 


http://www.batistas.com/index.php?option=com_content&view=article&id=773:celebracao-dos-140-anos-da-primeira-igreja-batista-em-solo-brasileiro&catid=16:artigos1&Itemid=42

Usem o formulário disponível na página do link acima no site da CBB para deixar seus questionamentos sobre o referido monumento.

Veja a programação:

- Dia 8/9 - Celebração de Missões - 19h30 Preletor - Pr. Irland Pereira de Azevedo Participação da Banda e Coro da Cristolândia EXPO-MISSÕES

- Dia 9/9 - Celebração da Juventude - 19h30 Preletora - Missionária Analzira Nascimento Participação Musical: Cantor PG e banda Bandas das Jubas do Estado

- Dia 10/9 - Celebração Solene

16h00 - Lançamento da Pedra Fundamental do Marco Histórico

20h00 - Culto Solene

Preletor - Pr. Carlos Novaes

Participações:

Coro da PIB de São José do Rio Preto Grande Coro de 200 vozes formado pelas igrejas da região Banda Sinfônica de Nova Odessa


Nota do Editor

A editoria do Genizah reafirma a nossa intenção de não polemizar sobre o assunto, mas tão somente atender ao pedido de parcela significativa de batistas sinceros que, no mesmo espírito cooperador, acompanham este caso e desejam luz sobre o episódio.

Como autor desta matéria, manifesto o meu maior apreço e ligação à Igreja Batista.

Desde o início da minha caminhada cristã tenho transitado entre as denominações Batista e Presbiteriana e, como os nossos leitores contumazes sabem, o Genizah frequentemente promove as obras missionárias batistas, mais do que quaisquer outras, dado os laços de amizade favorecendo o nosso conhecimento destas iniciativas.

Ademais, ressalto a profunda dívida que tenho para com a Igreja Batista. Foi em um acampamento batista o meu primeiro contato com o Senhor; o meu primeiro culto foi em uma Igreja Batista; fui seminarista batista; tenho como discipulador um pastor batista; e não fosse uma mudança de cidade, eu estaria, certamente, congregando na mesmo igreja batista onde encontrei conforto por anos.

Da mesma forma, as fontes da matéria são todos batistas sinceros, envolvidos com a Obra, sérios. São servos que tem se oposto à introdução de símbolos maçônicos na igreja e à ordenação de maçônicos.

Ou seja, é uma discussão honesta e justa entre irmãos que entendem de forma diferente a validade deste tipo de associação e pretendem que o assunto seja apresentado e discutido com a abertura merecida.

Genizah pretende organizar uma série de artigos sobre o assunto. Já convidamos alguns especialistas na matéria a contribuir e deixamos aqui o mesmo convite a todos os interessados em nos enviar material para apreciação.

Danilo Fernandes

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Carta ao bispo

Sempre me preocupei com a qualidade do culto que prestamos a Deus, seja ele particular ou público. E essa preocupação me faz refletir que é necessário melhorar tal adoração. Interessante notar que, pessoas as mais insuspeitas, das quais jamais imaginaríamos se preocupariam com tal assunto, se ocuparam também com essa legítima preocupação.

 

O escritor Machado de Assis foi uma dessas pessoas, e hoje reproduzo um texto dele, na verdade uma carta que ele enviou ao bispo do Rio de Janeiro na época. Tal carta parece que foi feita para os dias de hoje. Antes de lê-la na íntegra, examinemos algumas de suas particularidades.

 

Primeiramente, Machado se insurge com a manutenção de práticas pagãs no meio da religião católica, conforme a seguir:

 

(...) as procissões, derivando de usanças pagãs, não podiam continuar a ser sancionadas por uma religião que veio destruir os cultos da gentilidade.

 

Esse primeiro ponto parece não se aplicar em nosso meio, os evangélicos. Mas será que não? O nosso culto, nossas práticas, são mesmo totalmente bíblicas? Será que extirpamos de nosso meio as coisas do mundo, e adoramos a Deus verdadeiramente? Muita coisa do mundo (pagã) tem sido absorvida por nós. Como funciona nosso culto (o particular e as celebrações)? De forma administrada pelo Espírito Santo ou administrada segundo os preceitos academicistas, “proativos” e mercantilizados da Administração moderna? Machado diz que “não podem as almas verdadeiramente cristãs olhar para essas práticas sem tristeza e dor”.  Nos mais simples, a conseqüência disso é a materialidade e a mundanização. E nos mais cultos, diz ele, o ceticismo invade o coração.

 

No parágrafo seguinte, ele fala de uma coisa que ele chama de flagelo, que é a INDIFERENÇA; que ele chama de veneno sutil que corrói todo o tecido social. Não é isso que se vê hoje, inclusive dentro das igrejas? Muitas vezes criticamos os indiferentes, dizendo a eles que devem se voltar a Cristo, se envolvendo no Amor de Deus, e é verdade. Mas Machado nos lembra que muitas vezes a culpa disso é também do ensino, ou do mau ensino.  A Palavra de Deus muitas vezes, ao ser ensinada, não é seqüenciada de um comportamento compatível.

 

Ele critica os ofícios (cultos) e festas (celebrações), dizendo que estão longe muita vez de oferecer a majestade e a gravidade imponente do culto cristão. Afinal, estamos louvando ao Senhor dos Exércitos, ao Criador do Universo inteiro!

 

“Os nossos ofícios e mais festividades estão longe de oferecer a majestade e a gravidade imponente do culto cristão. São festas de folga, enfeitadas e confeitadas, falando muito aos olhos e nada ao coração.

 

Na seqüência, ele fala do hábito de tornar os ofícios divinos em provas de ostentação, a ponto de se tornar uma competição. Ele disse que os resultados não são para a religião (eu diria, não são para Deus), e sim para as paixões e interesses terrestres.

 

Diz ainda que o clero (padres, bispos, etc. – hoje seríamos todos nós, porque há o sacerdócio universal dos crentes) está longe de ser o que devia.  Reservadas as exceções, o nosso sacerdote nada tem do caráter piedoso e nobre que convém aos ministros do crucificado.” Não há sacerdócio, mas ofício rendoso (troca de fé por bênçãos, por exemplo). “Não serei exagerado se disser que o altar tornou-se balcão e o evangelho tabuleta.”. Ele endurece as críticas, especificando o Papa da época.

Ele critica também a educação religiosa, dada no centro das famílias. “Proveniente dessa situação, a educação religiosa, dada no centro das famílias, não responde aos verdadeiros preceitos da fé. A religião é ensinada pela prática e como prática, e nunca pelo sentimento e como sentimento.

 

Mas é claro que nem tudo está perdido, e ele elogia aqueles que buscam o culto sincero: “Note bem, Exmo. Sr., que eu me refiro somente às excrescências da nossa Igreja Católica, à prostituição do culto entre nós. Estou longe de condenar as práticas sérias. O que revolta é ver a materialização grotesca das coisas divinas, quando elas devem ter manifestação mais elevada, e, aplicando a bela expressão de São Paulo, estão escritas não com tinta, mas com o espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração.

 

Sim, jamais se busca a polêmica, ou a condenação das “práticas sérias” (doutrinas bíblicas). O exemplo tomado de Machado de Assis, em sua reclamação contra a igreja católica na época, serve apenas para ilustrar o quanto devemos nos preocupar com o culto verdadeiro que prestamos ao Senhor. O Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade, habita em nós, e por conseguinte somos altar, um altar 24 horas. Todas nossas atitudes e práticas devem ter esse objetivo.

 

Leia abaixo a carta na íntegra e tire suas conclusões.

 

 

 



Fonte da carta abaixo: http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/miscelanea/mams03.pdf

Carta ao Sr. Bispo do Rio de Janeiro

 

Texto-fonte: Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994.

Publicado originalmente em Jornal do Povo, Rio de Janeiro, 18/04/1862.

 

 

Exma. Revma. Sr. — No meio das práticas religiosas, a que as altas funções de prelado chamam hoje V. Exa., consinta que se possa ouvir o rogo, a queixa, a indignação, se não é duro o termo, de um cristão que é dos primeiros a admirar as raras e elevadas virtudes, que exornam a pessoa de V. Exa. Não casual, senão premeditada e muito de propósito, é a coincidência desta carta com o dia de hoje. Escolhi, como próprio, o dia da mais solene comemoração da Igreja, para fazer chegar a V. Exa.algumas palavras sem atavios de polêmica, mas simplesmente nascidas do coração.

Estou afeito desde a infância a ouvir louvar as virtudes e os profundos conhecimentos de V. Exa. Estes verifiquei-os mais tarde pela leitura das obras que aí correm por honra de nossa terra; as virtudes se as não apreciei de perto, creio nelas hoje como dantes, por serem contestes todos quantos têm a ventura de tratar de perto com V. Exa.

É fiado nisso que me dirijo francamente à nossa primeira autoridade eclesiástica. Logo ao começar este período de penitência e contrição, que está a findar, quando a Igreja celebra a admirável história da redenção, apareceu nas colunas das folhas diárias da Corte um bem elaborado artigo, pedindo a supressão de certas práticas religiosas do nosso país, que por grotescas e ridículas, afetavam de algum modo a sublimidade de nossa religião.

Em muito boas razões se firmavam o articulista para provar que as procissões, derivando de usanças pagãs, não podiam continuar a ser sancionadas por uma religião que veio destruir os cultos da gentilidade.

Mas a quaresma passou e as procissões com ela, e ainda hoje, Exmo Sr., corre a população para assistir à que, sob a designação de Enterro do Senhor, vai percorrer esta noite as ruas da capital. Não podem as almas verdadeiramente cristãs olhar para essas práticas sem tristeza e dor.

As conseqüências de tais usanças são de primeira intuição. Aos espíritos menos cultos, a idéia religiosa, despida do que tem mais elevado e místico, apresenta-se com as fórmulas mais materiais e mundanas. Aos que, menos rústicos, não tiveram, entretanto, bastante filosofia cristã para opor a esses espetáculos, a esses entibia-se a fé, e o ceticismo invade o coração.

E V. Exa.não poderá contestar que a nossa sociedade está afetada do flagelo da indiferença. Há indiferença em todas as classes, e a indiferença, melhor do que eu sabe V. Exa, é o veneno sutil, que corrói fibra por fibra um corpo social. Em vez de ensinar a religião pelo seu lado sublime, ou antes pela sua verdadeira e única face, é pelas cenas impróprias e improveitosas que a propagam. Os nossos ofícios e mais festividades estão longe de oferecer a majestade e a gravidade imponente do culto cristão. São festas de folga, enfeitadas e confeitadas, falando muito aos olhos e nada ao coração.

Neste hábito de tornar os ofícios divinos em provas de ostentação, as confrarias e irmandades, destinadas à celebração dos respectivos oragos, levam o fervor até uma luta, vergonhosa e indigna, de influências pecuniárias; cabe a vitória, à que melhor e mais pagãmente reveste a sua celebração. Lembrarei, entre outros fatos, a luta de duas ordens terceiras, hoje em tréguas, relativamente à procissão do dia de hoje. Nesse conflito só havia um fito — a ostentação dos recursos e do gosto, e um resultado que não era para a religião, mas sim para as paixões e interesses terrestres.

Para esta situação deplorável, Exmo Sr., contribui imensamente o nosso clero. Sei que toco em chaga tremenda, mas V. Exa.reconhecerá sem dúvida que, mesmo errando, devo ser absolvido, atenta a pureza das intenções que levo no meu enunciado.

O nosso clero está longe de ser aquilo que pede a religião do cristianismo. Reservadas as exceções, o nosso sacerdote nada tem do caráter piedoso e nobre que convém aos ministros do crucificado.

E, a meu ver, não há religião que melhor possa contar bons e dignos levitas. Aqueles discípulos do filho de Deus, por promessa dele tornados pescadores de homens, deviam dar lugar a imitações severas e dignas; mas não é assim, Ex.mo Sr., não há aqui sacerdócio, há ofício rendoso, como tal considerado pelos que o exercem, e os que o exercem são o vício e a ignorância, feitas as pouquíssimas e honrosas exceções. Não serei exagerado se disser que o altar tornou-se balcão e o

evangelho tabuleta. Em que pese a esses duplamente pecadores, é preciso que V. Exa.ouça estas verdades.

As queixas são constantes e clamorosas contra o clero; eu não faço mais que reuni-las e enunciá-las por escrito. Fundam-se elas em fatos que, pela vulgaridade, não merecem menção. Merca-se no templo, Exmo. Sr., como se mercava outrora quando Cristo expeliu os profanadores dos sagrados lares; mas a certeza de que um novo Cristo não virá expeli-los, e a própria tibieza da fé nesses corações, anima-os e põe-lhes na alma a tranqüilidade e o pouco caso pelo futuro.

Esta situação é funesta para a fé, funesta para a sociedade. Se, como creio, a religião é uma grande força, não só social, senão também humana, não se pode contestar que por esse lado a nossa sociedade contém em seu seio poderosos elementos de dissolução.

Dobram, entre nós, as razões pelas quais o clero de todos os países católicos tem sido acusado. No meio da indiferença e do ceticismo social, qual era o papel que cabia ao clero?

Um: converter-se ao Evangelho e ganhar nas consciências o terreno perdido. Não acontecendo assim, as invectivas praticadas pela imoralidade clerical, longe de afrouxarem e diminuírem, crescem de número e de energia. Com a situação atual de chefe da Igreja, V. Exa. compreende bem que triste resultado pode provir daqui.

Felizmente que a ignorância da maior parte dos nossos clérigos evita a organização de um partido clerical, que, com o pretexto de socorrer a Igreja nas suas tribulações temporais, venha lançar a perturbação nas consciências, nada adiantando à situação do supremo chefe católico.

Não sei se digo uma heresia, mas por esta vantagem acho que é de apreciar essa ignorância. Dessa ignorância e dos maus costumes da falange eclesiástica é que nasce um poderoso auxílio ao estado do depreciamento da religião.

Proveniente dessa situação, a educação religiosa, dada no centro das famílias, não responde aos verdadeiros preceitos da fé. A religião é ensinada pela prática e como prática, e nunca pelo sentimento e como sentimento. O indivíduo que se afaz desde a infância a essas fórmulas grotescas, se não tem por si a luz da filosofia, fica condenado para sempre a não compreender, e menos conceber, a verdadeira idéia religiosa.

E agora veja V. Exa. mais: há muito bom cristão que compara as nossas práticas católicas com as dos ritos dissidentes, e, para não mentir ao coração, dá preferência a estas por vê-las símplices, severas, graves, próprias do culto de Deus. E realmente a diferença é considerável.

Note bem, Exmo. Sr., que eu me refiro somente às excrescências da nossa Igreja Católica, à prostituição do culto entre nós. Estou longe de condenar as práticas sérias. O que revolta é ver a materialização grotesca das coisas divinas, quando elas devem ter manifestação mais elevada, e, aplicando a bela expressão de São Paulo, estão escritas não com tinta, mas com o espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração.

O remédio a estes desregramentos da parte secular e eclesiástica empregada no culto da religião deve ser enérgico, posto que não se possa contar com resultados imediatos e definitivos.

Pôr um termo às velhas usanças dos tempos coloniais, e encaminhar o culto para melhores, para verdadeiras fórmulas; fazer praticar o ensino religioso como sentimento e como idéia, e moralizar o clero com as medidas convenientes, são, Exmo. Sr., necessidades urgentíssimas.

É grande o descrédito da religião, porque é grande o descrédito do clero. E V. Exa.deve saber que os maus intérpretes são nocivos aos dogmas mais santos. Desacreditada a religião, abala-se essa grande base da moral, e onde irá parar esta sociedade?

Sei que V. Exa.se alguma coisa fizer no sentido de curar estas chagas, que não conhece, há de ver levantar-se em roda de si muitos inimigos, desses que devemlhe ser pares no sofrimento e na glória. Mas V. Exa.é bastante cioso das coisas santas para olhar com desdém para as misérias eclesiásticas e levantar a sua consciência de sábio prelado acima dos interesses dos falsos ministros do altar.

V. Exa.receberá os protestos de minha veneração e me deitará a sua bênção.

 

 




--  Osdilson Amorim Oliveira E-mail: osdilson.adv@gmail.com Fones: 062 99567091 / 81836789 / 85569317 Msn: osdilson_adv@hotmail.com Twitter: @osdilson  Maiores informações: http://br.linkedin.com/pub/osdilson-amorim/22/b92/2a8